Ela estava ali, na minha frente. E não consigo contar quantas vezes eu imaginei me deparar novamente com Eduarda. Mas logo na minha casa? Falando com a minha mãe? Precisava fazer algo porque não dava mais pra ficar encarando a garota sem falar nada
“Boa tarde, mamãe. Boa tarde, Eduarda. Como estão?” – Perguntei forçando um sorriso
“Filha? Meu amor! Que saudade de você, meu bebê” – Minha mãe levantou e me abraçou enquanto falava
“Também estava, minha senhora. Cada vez que a vejo, está mais bonita. O que tem nessa água de Guarulhos?” – Perguntei e olhei pra Duda
“Sou obrigada a concordar, sua mãe está cada vez mais bela” – Duda levantou e sorriu – “Quanto tempo, Mari”
Nos abraçamos. O tempo parou de novo. Puta merda.
“Que saudade” – Sussurrei em seu ouvido.
Quando fui embora, mantive a promessa de que um dia iríamos conversar. Mas entre tantos acontecimentos, isso não aconteceu e só naquele momento percebi a falta que sentia daquela garota. O perfume não era mais o mesmo, mas combinava com a sua personalidade muito mais do que eu lembrava. Aqueles cabelos curtos, num corte que seria “masculino”, pareciam perfeitos pra ela.
“Também estava” – Confidenciou – “Quer bolo? Ta maravilhoso” – Ela disfarçou pois sabia que minha mãe estava atenta aos acontecimentos
E não ajudou, minha mãe é foda.
“Meninas, fiquem a vontade. Lembrei que tenho um compromisso agora a tarde e estou de saída. Mariana, alimente Eduarda e Eduarda, volte mais vezes” – Falou e saiu em disparada
Ficamos as duas vendo minha mãe sair, as duas embasbacadas e sem reação
“Então, Duda. Como você está? O que aconteceu enquanto eu estava fora?” – Tentei parecer tranquila, mas meu coração estava quase saindo pela boca e um conflito interno surgia. Eu não sei dizer se estou preparada pra escutar tudo que aconteceu nos últimos tempo, e isso me assusta
“Ah, mano. Ta suave. Eu não quero entrar na faculdade agora, mesmo já sabendo o qual curso quero fazer. Tô esperando o resultado de uma prova que fiz e se der certo eu te conto. Como cê percebeu, mudei muito meu estilo e tô tão mais feliz agora…” – Enquanto ela falava, o sorriso não brotava apenas em seus lábios, mas seus olhos sorriam. Vi a mesma menina sonhadora que conheci, num linguajar mais leve e malandreado e aquilo estava mexendo comigo. Vi aquela carinha maloqueira, saborear as palavras antes de falar e aquilo dava uma sensação gostosa pois era de uma liberdade indescritível. Meu coração não parava quieto, parecia mais emocionado que ela enquanto falava
Eu estava completamente atordoada e aérea enquanto ela falava, entendia coisa e outra entre tantas informações e… Socorro!
Continua…