Olá, leitores. Eu me chamo Rogério. Atualmente estou com 28 anos e sou casado há quatro anos com a Jéssica. Esta série conta nossas desventuras no prédio onde moramos, onde alguns vizinhos e vizinhas (e os nossos melhores amigos) parecem querer testar nosso amor. Quem puder ler os primeiros capítulos, só procurar pela série.
A Jéssica tem 26 anos, é médica e tem o corpo esculpido por horas de academia e uma disciplina invejável. Ela tem 1,71, pele amendoada e lindos cabelos castanho-claro. Barriga tanquinho, seios e bundinha pequenos, mas bem proporcionais ao seu corpo escultural. Não temos filhos ainda, mas isso está no nosso radar depois que os dois trintarem.
Durante esta semana, eu e a Jéssica estamos hospedando a minha melhor amiga, Lorena, enquanto a reforma do novo apartamento dela não termina. A Lorena tinha 27 anos e era minha amiga desde o primeiro período da faculdade. Éramos tão próximos que ela havia sido madrinha do meu casamento com a Jéssica. Ela tinha se tornado sócia da empresa da minha família depois de formada e, com isso, trabalhávamos juntos no mesmo ambiente. Ela era morena de praia, magra, seios pequenos e bundinha redondinha e empinadinha, além de um belo par de coxas. Estava solteira e, segundo ela, muito bem assim.
Este capítulo começa no dia seguinte ao anúncio de que a Jéssica iria para um jantar de amigos com o Lucério, o vilão do nosso condomínio.
Eu estava sentado à mesa de um restaurante próximo ao trabalho, acompanhado por Lorena e Rebecca. As duas estavam deslumbrantes. A Lorena usava um vestido azul-marinho elegante, que realçava suas curvas de forma sofisticada, combinando com um blazer branco impecável. Seu cabelo castanho-claro estava preso em um coque baixo, com alguns fios soltos estrategicamente ao redor do rosto, dando-lhe um ar de profissionalismo e charme ao mesmo tempo. Já a Rebecca trajava um conjunto de alfaiataria bege, composto por uma calça justa e um blazer acinturado, que destacavam sua silhueta equilibrada. Seus cabelos castanhos claros estavam soltos, ondulados e brilhantes, caindo sobre os ombros.
— E o melhor de tudo, Rebecca — disse Lorena, finalizando uma história que eu já conhecia bem —, a Jéssica aceitou ir para um jantar de amigos com o Lucério na sexta.
— Isso me parece uma péssima ideia — opinou Rebecca, firme. — Esse homem é sinistro. Tem algo nele que não me desce.
— Eu também acho estranho — concordei. — Mas não é nem por ciúme. Só acho que esse cara tem um jeito de “eu amo ser um vilão” que me preocupa.
— Ah, bobagem — disse Lorena, dando um sorriso maroto. — Ele só está na crise da meia-idade.
Rebecca franziu a testa e olhou para mim.
— Mas você não sente que tem algo errado com ele, Rogério? Algo além dessa vibe de vilão?
— Quem me preocupa mesmo é o Enéias — acrescentou Lorena, apontando o garfo na minha direção. — Ele pode ser tudo, menos amigo da Jéssica.
A Rebecca balançou a cabeça e respirou fundo antes de falar:
— Bom, sobre o Lucério, eu realmente acho que ele tem intenções suspeitas. Mas Enéias… bem, ele pode ser um mulherengo insuportável, mas não acho que seja um perigo real. Ele quer a Jéssica, isso é óbvio, mas daí a conseguir alguma coisa com ela, é outra história.
— Mas e se ele conseguir? — questionei, cruzando os braços.
A Rebecca sorriu levemente e inclinou a cabeça para o lado.
— Rogério, você não deveria ter receio sobre o Enéias. Ele pode ser extremamente lindo, mas se a Jéssica for que nem eu, ela vai valorizar muito mais a beleza interior e a conexão entre vocês. A companhia, o papo, o talento… É isso que faz alguém irresistível. Quando a gente sente essa sintonia, essa magia… nada mais importa. — Seus olhos brilhavam com uma emoção que nunca transparecia quando ela falava do seu marido, Maurício. — E isso vale muito mais que um exterior feio e enrugado.
— Ei! — protestei, colocando a mão no peito em falso drama. — Feio e enrugado?
Lorena riu.
— Relaxa, Rogério. Você nem chegou aos trinta ainda. Dá tempo de ficar mais feio e enrugar bem mais.
Nós três caímos na risada. Era sempre fácil conversar com elas, e eu realmente gostava desses momentos.
— Agora — continuou Lorena, em tom travesso —, se o papo do Lucério for bom mesmo, vai que ele leva a Jéssica para a cama. Imagina, ter que transar com um velhote uns 70 anos.
Ao ouvir isso, Rebecca engasgou com a água e tossiu forte, os olhos arregalados. Eu e Lorena nos inclinamos para ajudá-la.
— Tá tudo bem? — perguntei, enquanto ela se recompunha.
Rebecca assentiu, ainda tossindo um pouco, e fez um gesto com a mão como se afastasse o assunto.
— Nossa… a comida… — disse, pigarreando. — Engasguei feio. Credo. Nem sei por quê…
— O Lucério tem cinquenta e poucos — corrigi, rindo para Lorena.
A conversa seguiu de forma animada, nós três trocando brincadeiras e aproveitando o almoço.
Na quarta de noite, o elevador estava vazio quando eu e a Lorena entramos. Apertei o botão do nosso andar e me encostei na parede, soltando um suspiro após outro dia puxado no trabalho.
— Sabe o que eu vi hoje? — disse Lorena, encostando-se ao lado.
— Se for mais um vídeo de um gato tocando piano, eu passo.
— Não! Melhor! Vai ter uma reexibição de “Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida” no cinema esse fim de semana.
— Sério? Esse é um filme que a gente tem que ver na tela grande!
— Exatamente o que eu pensei! — Ela sorriu. — A gente devia ir.
— Com certeza. Sexta à noite tá bom pra você?
Afinal, se a Jéssica podia sair para um jantar de amigos na sexta de noite, eu poderia pegar um cineminha com a minha melhor amiga no mesmo horário.
— Fechado! — Lorena deu um soquinho no meu braço. — Faz tanto tempo que não vamos ao cinema juntos.
— Verdade. Vai ser nostálgico — concordei. — Relembrar a época da faculdade, nossas fugas pra ver filme em plena semana de prova…
Ela riu e, com aquele olhar malicioso de sempre, completou:
— Antes de você conhecer a Jéssica.
— Mas não me arrependo de nada — disse. — Foi numa dessas que eu conheci a Jéssica.
— Ah, bela saída diplomática! — Lorena fingindo indignação. — Mas eu sei que, depois da Jéssica, eu sou a sua preferida.
— No trabalho, talvez — provoquei. — Sabe como é, tem a Lisandra. Tem a Rebecca…
— Perder praquela top model da Lisandra, eu aceito. Mas perder pra Rebecca é golpe baixo, hein? — Ela fingiu estar ofendida, mas não conseguiu esconder o sorriso.
O elevador parou no sexto andar e a porta abriu. Um casal de vizinhos entrou, cumprimentando com um aceno discreto. Mantivemos o silêncio até que a porta se fechasse e o elevador voltasse a subir.
A Lorena encostou-se um pouco mais em mim e sussurrou:
— Se a gente pedir pipoca gigante, você promete não comer tudo antes do filme começar?
— Eu? Quem sempre devora tudo no trailer é você!
— Mentira! Eu sou uma dama, como pipoca com elegância.
— Elegância? Só se for enfiar um punhado na boca e deixar cair metade na blusa.
— Eu chamo isso de estratégia. Assim eu tenho pipoca pro resto do filme.
— Estratégia ou sujeira?
— Detalhes! — Ela riu e me deu um empurrão leve com o ombro.
O elevador chegou ao nosso. A Jéssica provavelmente já estaria em casa e eu sabia que, se fosse na semana anterior, seria complicado de fazê-la não ter ciúmes, mas ela já estava se dando melhor com a Lorena. Assim, o cineminha de sexta estava marcado.
Duas horas depois, estávamos eu, Jéssica, Lorena e o síndico seu Alberto estávamos no apartamento da Lorena, avaliando o estado da reforma.
Seu Alberto, o síndico, era um homem de quase cinquenta anos, com um bigode esquisito que parecia sempre estar no meio do caminho de alguma coisa. Ele tinha um corpo que denunciava um ex-atleta que desistira há alguns anos. O cabelo bem penteado parecia um último suspiro de juventude.
A Lorena estava com um shortinho de algodão curto revelava quase toda as coxas, e a blusa folgada caía de um ombro, deixando à mostra a alça fina do sutiã. O coque bagunçado realçava seu pescoço longo e delicado.
A minha esposa, no entanto, não ficava atrás. Jéssica usava uma regata branca bem justa, que destacava cada detalhe dos seus seios pequenos, sem sutiã por baixo. O short cinza de moletom abraçava suas coxas torneadas, e eu tive que me controlar para não encarar demais. Ela poderia facilmente estampar uma capa de revista masculina. Eu tentava não olhar demais, mas era difícil.
Se para mim, era difícil, para o seu Alberto parecia uma missão impossível Ele tentava manter o foco total na sua responsabilidade como síndico e na reforma, mas a sua atenção escapava para a Jéssica o tempo todo. Ele ajeitava o cabelo toda vez que ela falava, alisava a camisa, ficava visivelmente mais ereto. Quando ela ria, ele suspirava como alguém olhando sua primeira paixão. Era engraçado e um pouco desconcertante ao mesmo tempo.
Ele coçou o bigode, examinando tudo com ar profissional, mas sua voz parecia ter um tom mais meloso quando falava com Jéssica.
— Bom, eu posso não ser especialista, mas pelo que conheço de reforma de apartamentos aqui, eu recomendaria adiar a mudança por mais uma ou duas semanas. Melhor garantir que tudo esteja realmente pronto e seguro.
Lorena bufou, cruzando os braços sob os seios.
— Mais uma semana? Eu já estou há uma semana e meia ocupando o sofá do Rogério e da Jéssica. Se eu ficar mais tempo, a Jéssica me joga pela sacada.
A Jéssica riu e, ao levantar a mão para tocar no ombro da Lorena, acidentalmente encostou no braço do seu Alberto.
— Eu não me importo, Lorena. Se precisar ficar mais uma ou duas semanas, por mim está tudo bem.
Soltei um suspiro de alívio. Era um sinal claro de que a Jéssica estava começando a ver a Lorena como uma amiga, não como uma rival. Aquilo tornava tudo mais fácil.
E, provavelmente, a Lorena passaria os próximos dez anos zoando a minha cara sobre como ela é tão charmosa e carismática que fez a Jéssica se tornar sua melhor amiga.
Seu Alberto tentava disfarçar o sorriso bobo que surgiu assim que a Jéssica triscou nele. Ele pigarreou, recuperando a postura.
— Melhor garantir que não tenha nenhum problema com a parte hidráulica ou elétrica. Já vi reformas que pareciam prontas e, na semana seguinte, um vazamento estourava. Eu só quero evitar qualquer dor de cabeça.
— Eu realmente aprecio a preocupação, seu Alberto — disse Jéssica, sempre gentil. — Você é um amor. Mas será que há alguma forma de acelerar isso?
Ouvir aquilo fez imediatamente a eficiência do síndico ir ao máximo.
— Talvez se conversarmos com os responsáveis pela obra… Eu tentarei um contato.
A Lorena se resignou.
— Tá bom, então. Vou esperar mais uma semana. Mas, se eu acordar e der de cara com o Rogério de cueca na cozinha de novo, vou culpar o senhor.
— Ei! — protestei. — Uma vez! Isso aconteceu uma vez!
— Uma vez foi suficiente — definiu Jéssica.
— Na verdade, não sei se vocês dois já perceberam, mas vocês dois têm um pequeno fetiche de exibicionismo ou esquecem muito rápido que eu tô hospedada na casa de vocês. É direto trepando com a porta do quarto aberta, com a porta do box e do banheiro aberta, trepando no sofá da sala, na cozinha…
Antes que a Lorena continuasse, ela senti minhas cotoveladas no braço dela e minha mão apontando para o síndico. A Jéssica não sabia onde esconder o rosto com essa pequena exposição.
Seu Alberto pigarreou. Mas seu olhar logo voltou para a Jéssica, como se ela fosse a única pessoa naquela sala.
— Se precisar de qualquer coisa, Jéssica, é só me chamar. Qualquer coisa mesmo. De verdade. A qualquer hora.
Ela sorriu e tocou levemente o braço dele.
— Obrigada, seu Alberto. Você é muito prestativo.
O síndico pareceu se derreter por dentro. Ele respirou fundo e ficou imóvel por alguns segundos, como se tentasse gravar aquele momento na memória. Depois, limpou a garganta e tentou recuperar a seriedade, mas estava evidente que ele não conseguia esconder o brilho nos olhos sempre que olhava para minha esposa.
Lorena virou-se para mim e sussurrou:
— Já pensou em juntar ele com a Lisandra?
Eu balancei a cabeça e soltei um suspiro.
— Bem, talvez fosse sacanagem com a minha mana Lisandra… — concluiu Lorena.
Na sexta de manhã, o cheiro de café fresco enchia o ambiente, e o silêncio da casa era quebrado apenas pelo barulho da cafeteira. A Jéssica estava de plantão. Aquela era uma daquelas sextas que ela ia chegar no meio da manhã, dormir o dia todo e estar ativa de noite. Ouvi os passos arrastados da Lorena, que apareceu na cozinha, vestindo um short confortável e uma blusa larga.
— Você parece pronta para um dia extremamente produtivo — comentei, pegando minha xícara.
— Home-office, meu querido — respondeu ela, bocejando e se encostando no balcão. — Hoje trabalho de pijama.
— Vida boa essa sua, hein? Enquanto uns enfrentam trânsito, outros podem trabalhar deitadas na cama.
— Não é minha culpa se eu sou esperta e convenci vocês para ter home-office toda sexta — disse ela, dando um gole no café. — Aliás, já que estamos falando de coisas importantes… Nossa sessão de cinema hoje está confirmadíssima, né?
— Claro, nem precisa perguntar — sorri.
— Só para garantir que você não vai furar comigo. Eu nunca esqueci um compromisso, diferente de certas pessoas…
— Ei! Eu sou um homem responsável.
— Responsável e sempre cinco minutos atrasado.
— Bom, pelo menos não sou a pessoa que chega uma hora antes — retruquei, terminando de ajustar o relógio no pulso.
— Isso se chama extremo de pontualidade.
Ri e terminei meu café, dando uma olhada no relógio. Já estava na hora de sair. Peguei a chave do carro e sai.
Naquele momento, o que eu não sabia era que eu tinha comprado ingressos para a sessão de 18:30, mas ela tinha certeza de que eu tinha comprado para a sessão de 20:40…
Mais tarde, às 18h00. Eu já estava encostado na parede ao lado da bilheteria do cinema, conferindo o celular pela terceira vez. Nenhuma mensagem nova da Lorena. Quinze minutos de atraso, e isso definitivamente não era do feitio dela.
Dei um passo para o lado, observando o fluxo de pessoas no shopping. Foi então que vi a Sarah, parada perto de uma coluna, mexendo distraidamente no celular. Mas diferente de qualquer outro dia que eu a tivesse visto pelo condomínio, hoje ela estava deslumbrante.
Seu cabelo moreno caía em ondas naturais sobre os ombros, a franja lateral emoldurava seu rosto de um jeito que a deixava ainda mais elegante. A maquiagem era discreta, mas destacava seus olhos com um delineado sutil e seus lábios pintados em um vermelho vibrante. O vestido que usava, ajustado ao corpo, realçava suas curvas na medida certa, sem exagero, e os saltos davam um ar sofisticado ao conjunto.
Me aproximei.
— Sarah? — Ela ergueu os olhos do celular e sorriu, um sorriso curto, mas simpático.
— Oi, Rogério. Tudo bem? — Sua voz era agradável, firme, mas sem intimidade. Não éramos tão próximos.
— Tudo certo. Esperando o Érico?
— Sim. Não. — Ela fez uma pausa. — Na verdade, marquei com um amigo, mas nem sei direito qual filme a gente vai ver.
Quem marca de ver um filme sem saber nem qual é?
— Tomara que seja um bom, então. Eu vim ver “Indiana Jones” com a Lorena, mas ela tá atrasada. Isso não é normal. — Suspirei, voltando o olhar para as escadas rolantes. Nada da Lorena.
— Ah, entendi. — Sarah passou os dedos pela franja e olhou discretamente para os lados, como se procurasse alguém. — Um clássico.
— Sempre quis ver na telona.
Ela assentiu, mas seu olhar ainda passeava pelo saguão do cinema, como se esperasse ver alguém a qualquer instante.
— Ultimamente só sai filme de herói, e eu já tô de saco cheio. Eu gosto de aventura e ação, mas com história de verdade. Sem um monte de CGI exagerado e piadinha sem graça toda hora.
— Nossa, nem me fale. — Eu ri. — A cada dois meses tem um novo. Eu gosto, mas tá saturado.
— Pois é! Sinto falta daqueles filmes de ação raiz, tipo os dos anos 90. Explosões de verdade, perseguições bem feitas, um herói durão sem precisar ficar fazendo graça. — Ela deu uma olhada para a área da bomboniere, mordendo de leve o lábio inferior, como se estivesse avaliando a multidão.
— Você quer dizer tipo “Duro de Matar”? “Velocidade Máxima”?
Os olhos dela brilharam por um instante antes de desviarem rapidamente para o lado, analisando um grupo de pessoas que acabava de entrar no shopping.
— Exatamente! Bruce Willis, Keanu Reeves, aquelas cenas que você realmente sentia o impacto. Agora tudo parece feito num computador. — Ela jogou o cabelo para trás e deu uma rápida olhada por cima do ombro.
Ela abriu um meio sorriso, parecendo finalmente relaxar um pouco. Mas, um segundo depois, checou o celular e fez uma expressão tensa.
— O meu amigo não chegou ainda. — Ela apertou a alça da bolsa no ombro, parecendo ansiosa, seus olhos a escanear a área ao redor.
— Estranho. Marcaram onde exatamente?
— Aqui mesmo. — Ela sorriu sem jeito e deu um passo sutil para trás, como se não quisesse prolongar muito a conversa. — Bom, acho que ele já deve estar chegando…
Peguei o celular de novo, nada de mensagem da Lorena. Bufei.
— A Lorena também me deixou no vácuo. Isso nunca acontece. Tô quase ligando.
A Sarah assentiu, mas não parecia exatamente interessada. Continuava a procurar o tal amigo.
— Bom, Rogério, foi bom conversar com você, mas acho que vou esperar ali perto da entrada. — Ela apontou para o outro lado do hall, mas seus olhos ainda se moviam inquietos.
— Ah, claro. Sem problemas. — Mesmo sem entender bem a pressa dela em sair dali.
Ela sorriu rapidamente e se afastou com elegância. Ainda assim, antes de se distanciar completamente, lançou mais uma olhada discreta para trás, como se checasse se alguém a observava.
Fiquei ali parado, ainda encarando o celular. Onde diabos a Lorena estava?
Enquanto isso, lá em casa, depois eu soube, a Lorena estava no sofá, assistindo Netflix enquanto Jéssica se arrumava para o jantar de amigos com o Lucério. Seus olhos vez ou outra se desviavam para a amiga, que passava batom diante do espelho da sala.
— Você fica ainda mais linda assim — comentou Lorena, sorrindo. — Não acha que tá se arrumando bastante para um jantar de amigos, hein?
A Jéssica sorriu diante do elogio, mas continuou passando o batom sem desviar o olhar do espelho.
— É só um jantar de amigos.
— Aham. E eu sou uma monja franciscana — ironizou Lorena. — Fala sério, Jéssica. Você tá querendo é provocar aquele cretino do Lucério.
Jéssica riu, fechando a embalagem do batom.
— Nada disso. É só um jantar, sem segundas intenções — virou-se para encarar Lorena. — Mas e se eu estivesse? O que tem de errado nisso? Você mesma viu como ele agiu no domingo.
— Sabe o que eu acho? Que você está dando o troco por ele não ter falado contigo sobre eu vir para cá e pelas merdas que eu falei quando achava que você tava de boa com a minha presença temporária aqui.
— Teoria interessante. Ela envolve o fato de vocês marcarem um cineminha e sequer pensarem na ideia de me convidar também?
— Com todo o respeito, Jéssica, você é a esposa dele. O convite tava implícito no instante em que te contamos. Se você queria ir era só ter falado. A gente teria remarcado pro sábado e eu sentaria no meio para não deixar vocês dois me transformarem em vela.
— Eu gosto quando algumas coisas são ditas, não implícitas.
— Se é assim, vou continuar. Você tá puta com o Rogério. Te dou uns 40% de razão. Eram uns 100% no começo, mas ele passou a última semana só faltando se ajoelhar no milho. Então, decidiu sair com alguém do sexo masculino para atingir ele e ver se ele percebe como é passar o dia com outra. Estou certa?
— Não sei. Continue.
— Você podia ter chamado o Enéias. Mas isso seria um golpe baixo demais depois que nós dois tentamos consertar a primeira impressão ruim. Ou então você não tinha certeza se ele se comportaria no jantar. Ou as duas.
— Ou o Enéias estaria de plantão hoje. Continue.
— Bem, se você queria sair com um cara, poderia ser o síndico, o tal do Alberto. Ele é totalmente apaixonado por você, mas é inofensivo. Você só daria algumas horas de atenção e simpatia para ele e esse jantar já se tornaria algo que ele lembraria pelo resto da vida. Já o Lucério… Ele é um lunático.
A Jéssica suspirou, pegando a bolsa.
— Sei lidar com homem assim há anos. E, por incrível que pareça, eu acho que que, no fundo, ele não é tão ruim. Tem algo bom dentro dele. Só tá soterrado sob camadas e camadas de autoilusão e arrogância.
A Lorena riu com descrença.
— Cuidado, Jéssica. Não acredite que dá para consertar todo mundo. Alguns homens só querem puxar a gente pro buraco junto com eles.
A Jéssica deu uma última olhada no espelho antes de se virar para a amiga.
— Só quero ver até onde essa conversa dele vai. Talvez ele não seja tão insuportável quanto parece.
— Se fosse comigo, já teria bloqueado ele no WhatsApp faz tempo.
— Eu gosto de dar uma segunda chance. Todo mundo merece, né? Mas e você? Não vai se arrumar pro cinema com o Rogério?
A Lorena olhou para o relógio na parede e deu de ombros.
— Ainda falta mais de uma hora. E eu já sou naturalmente maravilhosa.
A Jéssica gargalhou, pegando as chaves.
— Você é muito metida!
— E você é muito boazinha — brincou Lorena. — Mas vai lá. Depois me conta se o Lucério conseguiu se comportar.
No cinema, já eram 18h20 e a Lorena ainda não tinha dado sinal de vida. Não era do feitio dela simplesmente desaparecer assim, mas eu já tinha esperado demais. O filme ia começar em dez minutos e eu não queria perder.
Me virei para a entrada do cinema e, no meio do saguão, vi a Sarah ainda parada ali, mexendo no celular e lançando olhares discretos ao redor. Ela parecia meio desconfortável, como se tivesse perdido a esperança.
— Seu amigo ainda não chegou? — perguntei.
Ela ergueu os olhos do celular e suspirou.
— Acho que ele furou comigo. — Deu um meio sorriso, mas não parecia surpresa. — Nem mensagem mandou.
— Sacanagem. — Cruzei os braços. — Eu também fui abandonado hoje. A Lorena não apareceu e nem me avisou de nada.
A Sarah fez um gesto com a cabeça, meio solidária.
— Quer dizer que estamos os dois largados no shopping numa sexta à noite? — brincou.
— Pois é. Mas, olha, eu tô com um ingresso sobrando. Se quiser ver o filme comigo, tá convidada.
Ela hesitou por um instante, olhando ao redor de novo, e então deu de ombros.
— Ah, quer saber? Vamos lá. Pelo menos não volto pra casa tendo perdido a viagem.
Entramos e nos acomodamos em nossas poltronas. O filme começou e, para minha surpresa, Sarah parecia realmente envolvida. Não ficava checando o celular, nem distraída — assistia com atenção, reagindo às cenas de ação com sorrisos discretos. E ela sabia as falas decoradas em alguns momentos.
O filme passou rápido. Quando saímos, já passavam de 20h30.
— Clássico é clássico, né? — disse ela.
— Nem tem como discordar. A trilha sonora sozinha já vale o ingresso.
Andamos lado a lado, desviando das pessoas que entravam e saíam das lojas.
— Qual sua cena favorita?
— Difícil escolher — ela ficou pensativa. — Mas acho que aquela do poço das almas, com as cobras. Eu teria desmaiado ali mesmo. Você?
— A perseguição do caminhão.
Fomos caminhando pelo shopping em silêncio por um momento, até que me virei para ela.
— Você veio de carro? — perguntei.
— De Uber. — Ela puxou a alça da bolsa no ombro. — Ia chamar um agora.
— Não precisa. Te dou uma carona — ofereci.
— Ah, obrigada. Assim eu economizo a corrida.
Descemos para o estacionamento e seguimos para o carro. Assim que entramos, com os vidros ainda meio embaçados pelo ar-condicionado, ela suspirou.
— Agora percebi que tô com fome. — Olhou para mim. — E você?
— Morrendo. Nem jantei.
— Tem um restaurante japonês muito bom aqui perto, o Sapporo Sushi. É bem tranquilo e a comida é ótima. Que acha?
— Boa.
Dirigi até lá. No restaurante, sentamos em uma mesa perto da janela. O lugar era aconchegante, com um cheiro delicioso de shoyu e gengibre pelo ar. O garçom nos entregou o cardápio e ficamos em silêncio por alguns minutos escolhendo.
— Você gosta de sushi? — perguntei.
— Muito. E você?
— Prefiro temaki. Quanto mais recheado, melhor.
Fizemos os pedidos. A conversa fluiu com naturalidade, sem pressa. Falamos sobre filmes, sobre as coisas bizarras que acontecem no condomínio e até sobre viagens. Percebi que ela evitava falar sobre sua noite antes do cinema.
Eis que, depois um bom tempo, a Sarah ficou vermelha e pediu, hesitante:
— Rogério… Posso te pedir um favor?
Engoli o último pedaço do meu temaki.
— Claro, manda.
Ela olhou para os lados, como se estivesse prestes a cometer um crime.
— Mas tem que prometer que não vai rir.
— Ok… Prometo.
Ela respirou fundo, segurou os hashis como se fossem armas e soltou de uma vez:
— Me dá a sua cueca.
Foi nesse momento que o pedaço de salmão quase entrou pelo caminho errado na minha garganta. Tossindo, arregalei os olhos, achando que tinha ouvido errado.
— Minha o quê?
— Sua cueca. A que você tá usando agora. Preciso levar pra casa.
A Sarah estava absolutamente séria. Não parecia uma piada. Olhei ao redor para ver se alguém tinha ouvido aquilo. Um casal na mesa ao lado olhou na nossa direção, então eu me inclinei e cochichei:
— Isso é algum tipo de fetiche estranho ou você tá devendo favores para o Lucério fazer alguma magia em cima de mim?
— Nada disso! — Ela sacudiu as mãos. — É que… eu fiz uma aposta. E preciso de uma cueca usada pra vencer.
— E não pode ser uma do Érico?
— A aposta é com ele! — Ela suspirou, exasperada. — É uma aposta séria!
— Apostas envolvendo cuecas e calcinhas — retruquei.
Ela esfregou o rosto.
— Tá, eu sabia que isso ia soar bizarro… — Ela largou os hashis na mesa e soltou um suspiro. — Ok, vou te contar a verdade.
Me inclinei um pouco, curioso.
— Eu tinha marcado um encontro pelo Tinder. O cara furou comigo.
Franzi a testa.
— Mas você tem marido. O Érico.
Ela desviou o olhar, como se a realidade fosse bem mais complicada.
— Foi um acordo entre eu e ele. Ele também tá tendo um encontro agora. Não era para ser nada sério com o cara de hoje. Mas saindo com você, eu percebi que não sei mais como fazer isso! Faz anos que eu não vou a um encontro! — Ela gesticulava como se estivesse explicando um conceito altamente complexo. — Eu não sei mais como flertar! Antes do Érico, eu resolvia tudo com isso aqui. — Ela fez um gesto dramático para os próprios peitos. — Eu queria sexo, o cara queria sexo. Match. Acabou o mistério.
Tentei manter a seriedade, mas a explicação dela parecia um tutorial de aplicativo de namoro.
— Está me dizendo que o Érico foi o primeiro cara que conversou contigo sem olhar pros seus peitos primeiro?
— O segundo, na verdade. — Sarah apontou os hashis para mim. — O primeiro foi um senhorzinho no mercado que só queria saber onde ficava o leite integral. E o terceiro foi você.
— Eu tenho um tiquinho de inveja e medo da Jéssica, sabia? Ela tem um marido tão absolutamente apaixonado e fiel que nunca olha pros meus peitos, nem pros da Carolina e nem pros da Eliana. Porque, meu deus, até eu olho para os peitões da Eliana!
Fiquei meio sem jeito, coçando a nuca. Era melhor ela não saber que o meu tipo de mulher, que me fazia babar, eram as de peitos pequenos, mas proporcionais, com uma bundinha bem-feita nem grande e nem inexistente. Tais como a Jéssica, a Lorena, a Lisandra e a Rebecca.
— Ei, também não é para tanto… — tentei argumentar, mas até eu soei pouco convincente.
— Sabe como o Érico me conquistou? Ele fez piadas! Eu me casei com o primeiro homem que me fez rir! — Ela parecia indignada consigo mesma. — Eu fui vencida por piadas!
— Bom, se serve de consolo, humor é um ótimo afrodisíaco.
Ela suspirou, derrotada.
— Daí eu pensei: ‘vou tentar um encontro de verdade dessa vez, sem pular direto pra parte do sexo’. Marquei com o cara e decidi fazer a abordagem tradicional… jantar, conversa, depois, quem sabe, algo mais. Mas aí ele sumiu! Eu fui rejeitada pelo próprio sistema!
— E onde a minha cueca entra nisso?
Ela ficou em silêncio por um instante, depois soltou:
— Eu preciso voltar pra casa com uma cueca usada do carinha com quem marquei. É a prova de que transei com ele.
— Vocês apostaram que você ia conseguir uma cueca usada no primeiro encontro e agora quer fraudar isso para vencer?
— Exatamente! Agora, eu preciso improvisar! — Ela me olhou com desespero. — Rogério, por favor, me dá a sua cueca!
— Eu adoraria poder te ajudar, Sarah. Mas não posso. Imagina se a Jéssica descobre uma coisa dessas. Ela me mata antes de você explicar tudo para ela. Eu ando vacilando demais com ela e, na verdade, preciso recuperar a confiança dela.
— Vacilando? Você é o marido perfeito!
— Eu dei uns beijos e selinhos na nossa diarista, que passou um bom tempo rebolando no meu colo, durante a festa de carnaval.
— O que acontece no carnaval fica no carnaval. Estava dentro das regras do jogo do vampiro. Eu também dei uns amassos no Enéias na mesma festa e, nem por isso, sou uma adúltera.
— Convidei a minha melhor amiga para vir passar umas três semanas lá em casa. Sem combinar com a Jéssica antes.
— Você vacilou nessa.
— A Lorena chegou falando em trisal.
— Meu amigo, pode ficar com sua cueca. Tu tá mais chamuscado do que se tivesse duas amantes.
— Desculpe…
— Mesmo assim, valeu por me ouvir.
— Precisando, só chamar — respondi. — Ouvir desabafos dos amigos é algo que posso fazer sempre que necessário.
— E ser discreto sobre o que acabou de ouvir também, suponho.
— Nem a Jéssica vai saber.
Depois disso, fomos para casa. Assim que estacionei o carro na garagem do condomínio, a Sarah parecia de bom humor novamente.
— Valeu pela carona, Rogério. — Sarah abriu a porta do carro e foi para o elevador.
— Nada, que isso — respondi, ainda ajustando o freio de mão.
— Boa noite! — disse, já se afastando.
— Boa noite, Sarah — falei de volta, observando-a caminhar apressada pelo estacionamento.
Enquanto ela seguia na direção ao elevador, eu saí do carro e me espreguicei um pouco. Foi aí que notei uma movimentação ao longe.
O Jonas ia na direção da portaria, caminhando em passos moderados. Ele olhou na nossa direção quando passou, os olhos se fixando na Sarah por um instante, depois em mim. Não disse nada, apenas manteve o olhar por alguns segundos antes de seguir seu caminho. O olhar não era só de curiosidade. Tinha algo a mais ali.
Não fiz nada além de continuar andando. Talvez fosse coisa da minha cabeça. Sacudi a ideia de lado e segui para casa, pronto para finalmente descansar.
Assim que abri a porta do apartamento, percebi algo estranho. Antes que me perguntasse o que o violão da Jéssica fazia no sofá, ouvi sons vindo do meu quarto. Ofegantes. Ritmados. Alternado entre gemidos abafados e pequenos grunhidos roucos. Meu coração acelerou, mas não do jeito certo. Uma sensação gélida subiu pela minha espinha.
Fui andando devagar pelo corredor. Eu sabia o que era o barulho, mas não quem eram as pessoas. E, claro, tinha medo das duas opções óbvias: Jéssica e Lorena. Meu corpo todo estava tenso quando cheguei à porta do quarto. Estava aberta.
Entrei.
O tempo desacelerou. Meu cérebro se recusou a processar a cena na minha frente. A princípio, a minha visão captava apenas fragmentos: pele suada, cabelos bagunçados, corpos entrelaçados na minha cama.
E então, tudo se encaixou.
Lorena.
Seu Raimundo.
Os dois. Pelados. Na minha cama.
Os dois estavam tão focados no que faziam que nem me notaram de imediato. O corpo magrelo e enrugado do velho sogro de Jonas contrastava com a perfeição escultural da Lorena. Ela, montada nele, rebolava e cavalgava em puro êxtase, os olhos semicerrados, os lábios entreabertos soltando pequenos gemidos. A cama rangia debaixo deles, protestando contra a intensidade do movimento. As mãos enrugadas do velho estavam firmes nos quadris dela, apalpando com força a bunda nua dela. Sua cara era de quem estava tentando ao máximo retardar o orgasmo.
Minha mente oscilava entre gritar, sair correndo ou simplesmente fingir que eu não estava ali. Mas minhas pernas estavam coladas ao chão, meu cérebro negando qualquer comando para reagir. A cena era tão surreal que eu não queria acreditar!
— Mas que porra é essa?! — Minha voz saiu mais alta do que eu pretendia, mas ainda assim carregada de pura incredulidade.
A Lorena estava cavalgando, com seus peitinhos balançando na frente do velho, os bicos oscilando para cima e para baixo. Ao ouvir minha voz, ela virou a cabeça na minha direção, arregalou os olhos, mas logo sentiu uma fisgada. Pelo jeito, ao invés de parar, pareceu acelerar. O seu Raimundo gemeu alto, as mãos subindo para a cintura e apertando ainda mais forte a minha amiga.
— Ai, meu filho, agora não dá pra parar! Segura aí! — disse ele, a voz rouca e cheia de urgência.
— Só mais um pouquinho, Rogério! — Lorena arfou, apertando os próprios seios, os cabelos caindo sobre os ombros. — Já tá quase…
Meu corpo congelou ainda mais. Eu deveria fazer alguma coisa. Mas o quê? Arrancá-los dali? Sair correndo? Rir? Meu cérebro não decidia. Quando eu girei para sair do quarto, aconteceu.
A cama rangeu mais alto, os gemidos se intensificavam e, no ápice de tudo, a Lorena jogou a cabeça para trás e deixou escapar um gemido longo e prazeroso. Seu Raimundo prendeu a respiração e soltou um grunhido gutural. Por fim, os dois deram um beijo de língua profundo (e inacreditável (e meio nojento)).
E então, silêncio.
Os dois ficaram ali, suados, respirando pesadamente, os corpos ainda entrelaçados.
A Lorena foi a primeira a se mover. Ela escorregou de cima do velho, deitando ao lado dele, com os seios e a buceta à minha visão. Ela olhou para mim com um sorriso meio envergonhado. Para a minha infelicidade, eu também conseguia ver o cacete murchando do velho Raimundo.
— E aí, Rogério? Como foi o cinema? — disse ela, ofegante, como se nada tivesse acontecido.
— Como foi o cinema?! Lorena, você tá transando na minha cama. Transando com um velho na minha cama. Espalhando tudo quanto é pentelho de velho na minha cama e ainda e me pergunta do cinema?!
Ela ajeitou os cabelos desgrenhados.
— Eu jurava que era às 20h. Quando eu vi que tinha errado, já era tarde demais. — Ela ficou em silêncio, olhando para mim e para o seu Raimundo. — Sobre isso, foi mal. Na hora, eu não estava pensando direito. Quando pensei, achei que ia dar tempo de terminar tudo e arrumar antes de você chegar.
Seu Raimundo, ainda deitado, suspirou fundo e olhou para mim com uma expressão de pura satisfação.
— Meu jovem, desculpa aí, viu? Mas essa moça é coisa de outro mundo. Que fogo, meu Deus do céu…
— Eu pensava que não ia durar um minuto… — admitiu Lorena.
— Assim, você me ofende…
— O segredo para boas surpresas é estar eternamente com expectativas baixas — brincou Lorena.
Seu Raimundo pigarreou, puxando a cueca com a serenidade de quem acabara de tirar um cochilo revigorante.
— Rapaz, essa sua cama é firme, viu? A coluna do velho aqui agradece.
Hesitei com tamanha ousadia. Ele colocou a camisa.
Olhei pra Lorena. Estava ali, sentada, com um meio sorriso nos lábios, como se estivesse apenas esperando a tempestade passar. Meus olhos percorreram seu corpo. A pele ainda levemente suada, os seios firmes e com mamilos grandes, a buceta apertadinha e totalmente depilada, os cabelos desgrenhados caindo sobre os ombros. Se não fosse pelo contexto absurdo, eu diria que ela estava em uma sessão de fotos eróticas para uma revista de mulher pelada.
— Alguém pode me explicar como isso aconteceu?
O seu Raimundo riu, balançando a cabeça.
— Ora, meu rapaz, isso é fácil de responder. Magnetismo. Dois corpos atraídos pela força do universo.
— Dois corpos que podiam ter se atraído em qualquer outro lugar que não a minha cama — retruquei.
— Meu jovem, você tá muito sério. — Seu Raimundo riu, puxando os suspensórios da calça. — Isso aqui foi só uma diversão entre dois adultos solteiros. Você sabe como é… a carne é fraca.
Ele e a Lorena riram, olhando um pro outro.
— A gente se entendeu bem, né? E olha que eu já não sou nenhum jovem.
Ela sorriu, cruzando as pernas devagar, sem querer me deixando mais da sua buceta do que eu preferia ver.
— Foi, sim… — Lorena segurava o riso. — Você tem lá suas manhas.
O pior é que ela era a minha melhor amiga, unha e carne. Eu conheci todos os exs e peguetes que ela teve no últimos dez anos e nunca a tinha visto sendo aparentemente levada tão facilmente no papo. Era surreal.
— Rogério, escuta… — ela começou, jogando os cabelos para trás. — Foi um lance de momento. Uma conversa foi levando a outra… e quando vi, já tinha rolado.
Olhei para o velho, que ajustava os punhos da camisa, satisfeito como um pavão.
— Ah, isso eu não duvido.
Seu Raimundo abriu um sorriso largo, se aproximou da Lorena e segurou a mão dela.
— Então, minha flor… Por que não repetimos qualquer dia? Foi bom, foi gostoso… Eu garanto que ainda tenho muito a te mostrar.
A Lorena sorriu e se inclinou para lhe dar um selinho rápido.
— Ah, seu Raimundo… Foi gostoso, dentro das expectativas, mas não se anima. Essas coisas acontecem uma vez e pronto.
Ele fez uma cara de falso desapontamento, passando os dedos pelo braço dela num carinho sutil.
— Uma pena… Mas olha, pensa com carinho.
Ela riu e lhe deu outro selinho, mais demorado.
— Foi só desta vez. Não me entenda mal…
Ele segurou o rosto dela com delicadeza, olhando-a nos olhos.
— Justo, justo. Mas podemos continuar conversando pelo WhatsApp, né? Eu gosto de uma boa prosa.
Ela sorriu e passou a ponta dos dedos pelo rosto dele.
— Claro, me manda mensagem.
Seu Raimundo sorriu satisfeito e selou a despedida com um beijo na boca. Ele caminhou até o banheiro da suíte. Acompanhei seu trajeto com os olhos, sentindo meu estômago revirar quando vi ele jogar a camisinha usada no lixo do meu banheiro. Por fim, ele se olhou no espelho e depois para mim.
— Realmente, muito firme essa cama. Parabéns pelo investimento, rapaz.
Eu fechei os olhos, respirando fundo para não surtar.
Quando abri, o velho já tinha saído do apartamento, deixando apenas eu e Lorena.
Ela se levantou da cama, sem pudor nenhum, deixando o lençol cair pelo caminho enquanto andava até o closet.
— Bom… eu acho que a gente precisa conversar.
— Ah, é? Acha mesmo, Lorena?
Ela fez a cara de quem sabia que estava encrencada, mas tentava amenizar a situação.
— Tá. Eu sei que parece ruim, mas…
— Você trepou com o seu Raimundo na minha cama. — interrompi. — A Jéssica vai chegar a qualquer momento. Ela vai te expulsar daqui!
— Olha, foi um impulso. Ele tem uma lábia absurda, começou a falar, elogiar, contar histórias… Quando vi, já tava envolvida.
Balancei a cabeça, incrédulo.
— Envolvida? Você diz isso como se ele fosse um guru do amor e, ops, você caiu pelada na minha cama.
— Você quer detalhes ou quer continuar rindo de mim?
— Detalhes. Porque, sinceramente, eu vi e não estou acreditando até agora.
Ainda pelada, ela apoiou as costas na parede e começou sua história:
— Desde que conheci ele semana passada, temos conversado bastante no WhatsApp. Ele é muito engraçado, sério. Não é o veio conspiracionista que manda teoria maluca e nem o doido do “Bom dia”. Ele é bem culto e sabia conversar sobre tudo quanto é assunto.
— Até aí, tudo bem. Então, depois que a Jéssica saiu, ele apareceu aqui para devolver o violão. Aí, chamei ele para entrar e começamos a conversar. Ele tocou algumas das minhas músicas favoritas e começou a me chamar de um jeito diferente. Aí, a coisa foi indo. Ele perguntou se eu já tinha sido admirada de verdade, se algum homem já tinha me olhado e enxergado a minha alma. Disse que mulheres como eu eram raras, que ele conheceu uma mulher na juventude…
— Meu Deus, Lorena. — Balancei a cabeça, incrédulo. — Isso colou?
Ela revirou os olhos.
— Claro que não. Esse papinho tava meio óbvio. Só que aí, ele começou a citar alguns filósofos e poetas. Eu pensei que tinha sido maldade da minha cabeça. Então, ele pegou o violão, me chamou de musa e dedilhou na hora uma canção com o meu nome…
— O velho fez cosplay de Vinícius de Moraes e você caiu?
— Deixa eu terminar! Foi quando eu ia me livrar dele para me arrumar pro cinema, mas vi as tuas mensagens e notei que tinha furado contigo. Já tava tarde demais para ir, a gente tava conversando há horas. Eu fiquei doidinha, sem saber como agir. Aí, ele veio me consolar e tal…
— Isso tá cada vez pior.
— Cara, faz uns cinco meses ou mais que eu não transava! Eu não mereço um desconto?
— Tinder taí pra isso.
— No Tinder, só tem homens casados em relacionamento aberto que fingem ser solteiros para pegar mulheres que estão a fim de sexo casual.
Isso foi surpreendentemente muito específico…
— E depois disso? O que aconteceu?
— Ele tocou na minha mão. Depois, encostou na minha cintura enquanto eu falava sobre ir ao cinema mesmo atrasada. E quando percebi, a gente tava se beijando. Foi intenso, foi rápido… E, bom, ele tinha as pílulas no bolso da calça, o que, olhando em retrospecto, me faz perceber que ele veio para cá com tudo planejado já.
— Essa última parte explica como diabos aquilo levantou…
— Eu preferia continuar acreditando que sou tão gostosa que levanto até defunto…
Nós dois rimos. Nesse momento, eu reparei que a Lorena estava pelada na minha esse tempo todo de forma bem natural. Seus seios médios tinham mamilos escuros bem grandes, com bicos bem salientes. Sua bucetinha era totalmente depilada e ela tinha barriga tanquinho. Como se tivesse percebido nua também apenas naquele momento, ela entrou no quarto dela.
Enquanto a Lorena se vestia, voltei para o quarto, calculando o que fazer. Tinha, no máximo, uma hora antes da Jéssica chegar do jantar com o babaca do Lucério. O quarto ainda estava impregnado com suor e sexo. Listei o que precisava trocar. Lençóis, fronhas… Abrir as janelas, passar um bom ar por toda parte e torcer para que não achar nenhum fio de pentelho do velho Raimundo ou de cabelo da Lorena.
A Lorena voltou usando seu pijama caseiro e pousou a mão no meu ombro.
— Eu sei que caguei feio com a hospitalidade de vocês. — Ela suspirou, sincera. — E vou lidar com isso. Primeiro ponto, a gente vai contar a verdade pra Jéssica assim que ela chegar. Segundo, deixa que eu mesma limpo isso aqui. Troco os lençóis, lavo tudo, deixo impecável. Segundo, amanhã eu me mudo pra um hotel. Não tem cabimento eu continuar aqui depois disso.
Sua expressão mostrava que ela não fugia de responsabilidade, nem tentava minimizar o que fez. Mas bem que poderia ter feito o velho Raimundo ficar e ajudar ela nisso. Já que os dois sujaram.
— A pior coisa que pode acontecer aqui é a Jéssica achar que EU transei com VOCÊ — continuou ela. — Se a gente esconder o que houve aqui e ela perceber que tem algo errado, o que você acha que vai ser a primeira coisa que ela vai pensar?
Ela estava certa. Esconder só tornaria tudo pior.
— Fui eu quem fiz essa bagunça, então eu que resolvo. Eu conto pra ela e assumo tudo. Se ela quiser me matar, que mate. Mas você não vai levar essa bala por mim, não.
Balancei a cabeça.
— Nem fodendo que vou te deixar sozinha nessa. A Jéssica não vai acreditar que você deu para um senhor de 73 anos. É absurdo demais para alguém acreditar mesmo tendo visto ao vivo!
— Ele tem 73? Eu podia jurar que era 60 e pouco, no máximo.
— Tá vendo? Nem você quer acreditar! — gesticulei, exasperado.
— Ai, Rogério, como você é dramático. Além disso, o seu Raimundo tem lá um certo charme vintage.
— Sem discussão. Eu vou te ajudar. Vamos arrumar logo essa cama e depois falar com a Jéssica juntos. Não seria a primeira vez que limpamos a bagunça um do outro. A diferença é que você raramente é a culpada.
— Eu ainda tenho créditos com a Jéssica por aquela vez, quando vocês eram noivos, em que eu tive que ir ao motel pagar a conta dos dois coelhos porque vocês só levaram só cartão sem limite?
— Tomara…
Rimos e entramos no quarto e começamos a limpar a bagunçando, iniciando pelos lençóis da cama.
Uns quarenta minutos depois, ainda estava suado da correria de limpar tudo quando ouvimos a porta de casa se abrir. A Jéssica entrou com uma expressão determinada e, antes que eu ou Lorena pudéssemos soltar qualquer palavra, ela me puxou pelo colarinho e grudou a boca na minha.
— Oi pra você também! — tentei dizer entre os fôlegos de um beijo e outro, mas ela ignorou completamente.
— Jéssica, espera só um segundo, tem uma coisa que… — comecei, mas ela já enfiava uma mão dentro da minha calça e, com a outra, me puxava para perto pra entrelaçarmos as línguas mais uma vez.
— Rogério, meu amor, qualquer coisa pode esperar!
— Mas é que… — tentei insistir, só para ser interrompido por mais um beijo profundo.
Lorena pigarreou, tentando intervir.
— Jéssica, é sério, a gente precisa falar…
— Depois!
A Jéssica me segurou firme pelo braço, começando a me arrastar pelo corredor como um furacão.
— Mas é que… — tentei mais uma vez.
— Agora, Rogério! — Ela me deu um olhar que não deixava espaço para discussão.
— Ok — aceitou Lorena. — Acho que vocês vão ter que resolver isso primeiro…
A Lorena nos seguiu até a porta do quarto e, quando viu que a Jéssica já estava tirando o vestido e o sutiã, expondo para mim seus maravilhosos seus seios pequeninos e durinhos, que tinham biquinhos rosas que apontavam para o teto. E, pelo visto, ela não estava nem aí se a Lorena podia estar vendo seus seios nus.
— Eu vou… Fechar a porta pra vocês, então… Até jájá.
A Jéssica se virou pra Lorena e respondeu sem hesitar:
— Quer assistir? Assiste! Só não encosta nele que a gente faz na tua frente e todo mundo goza!
A porta se fechou em seguida.
Como eu ainda tinha resquícios de pudor, esperei esse momento para tirar a roupa, mas a Jéssica estava voraz. Sem mamada, eu recebi desta vez. Logo, estávamos completamente nus e fodendo que nem loucos em cima da mesma cama que eu tanto queria evitar que ela descobrisse que a Lorena tinha usado.
A Jéssica não parava de gemer alto e isso meio que a incentivava a socar com mais força na sua buceta. Ela empinou a sua bundinha e fez um pedido bem surpreendente.
— Mete com força! Bate na minha bunda! Me faz sua putinha!
Incentivado pelas palavras, comecei a dar uma tapinhas na bunda dela. Ela pedia mais forte, aos poucos eu dava tapas mais fortes. Ela pediu para meter com mais força, eu socava cada vez mais lá no fundo. Quanto mais ela falava, mais tesudo eu ficava.
— Eu sou sua putinha! A sua putinha exclusiva! A sua putinha particular! Me faça sua putinha!
Continuamos metendo como dois loucos. Já contaminado pelo tesão da Jéssica, tanto ela como eu fazíamos questão de fazer muito barulho, de meter o pau com muita força na buceta da Jéssica, para ela gemer mesmo alto. Como se nós quiséssemos que a Lorena escutasse a nossa foda.
— Isso! Rogério! Põe com força! Com mais força! Fode! Fode!
Aquelas provocações davam mais energia para continuar a socar mais e mais. Eu até sabia que ela curtia algo assim, mas não que fosse querer justo hoje. Estávamos extravasando no sexo tudo de maluco que tinha acontecido nas nossas vidas nas últimas semanas. Os dois já pingando de suor. Eu a segurei pela cintura e passei a foder firme. Ia gozar e gozar dentro.
A Jéssica rebolava. Nessa altura, já tinha atingido o orgasmo duas vezes, as únicas em que pausamos para tomar fôlego.
— Goza dentro de mim!
Por um segundo, lembrei que ela não tomava pílula e eu estava sem camisinha. Ela deve ter lembrado o meu porque silenciou um instante antes de repetir.
— Goza dentro de mim!
Foda-se! Se ela engravidasse, seria apenas uma dor de cabeça de planejamento, mas íamos amar nosso filho.
Segurei seus braços para trás e ainda a puxei para mim. Logo, estava esporrando sua buceta todinha, gozando como não tinha gozado há um bom tempo. Minhas pernas tremiam. A Jéssica caiu na cama, toda trêmula pelo esforço. Eu caí por cima dela, abraçados.
Depois de um tempo, ainda sem energia, deitei ao lado da Jéssica, ainda ofegante. Ela se espreguiçou toda satisfeita e me deu um selinho antes de apoiar a cabeça no meu peito.
— Se toda vez que você for jantar com um amigo voltar assim, acho que você deveria ir jantar mais vezes com alguns…
— Seu bobo!
— Mas não o Enéias. É melhor o Carlos ou até o seu Alberto.
— Seu idiota! — Ela me deu mais um selinho. — Mas o idiota que eu amo. Mas… o que vocês dois tanto queriam falar comigo?
Respirei fundo e sentei na cama, buscando as palavras certas.
— Bom… não sei nem por onde começar.
Enquanto formulava a explicação, notei que os olhos dela estavam percorrendo o quarto.
— Rogério… você trocou os lençóis?
— Sim.
Ela olhou para os travesseiros.
— As fronhas também. E esses travesseiros eram do quarto da Lorena. — Por sorte, o orgasmo tinha a deixado mais leve. — Meu amor… O que aconteceu?
— Vamos vestir um roupão e conversar com a Lorena.
Fizemos isso e fomos pra sala, onde a Lorena nos esperava sentada no sofá, visivelmente nervosa.
— Jéssica, amiga, antes de tudo… eu quero que saiba que eu assumo total responsabilidade pelo que aconteceu.
A Jéssica cruzou os braços.
— Você transou com o Rogério?
Eu engasguei no próprio ar e a Lorena arregalou os olhos, quase se afogando com a própria saliva.
— O QUÊ?? NÃO! — gritamos ao mesmo tempo.
A minha esposa riu alto.
— Gente, pelo amor de Deus, eu confio em vocês dois. Só pela carinha de nojo que a Lorena fez só de cogitar já me convenceu que não aconteceu nada! Agora falem logo o que aconteceu no meu quarto.
A Lorena contou toda a história e como eu apareci de paraquedas nela. Não tínhamos medo da briga porque, na pior das hipóteses, podíamos recorrer à Sarah de testemunha de que eu estava no cinema e ao seu Raimundo de que a Lorena tinha tara por velhos.
Ao final, a Jéssica explodiu numa gargalhada. Enquanto a Lorena fingia estar ofendida.
— Lorena, meu anjo, essa eu vou ter que lembrar pelo resto da vida. Cair no papo de um velho de 73 anos…
— Ai, Jéssica, pelo amor de Deus…
A Jéssica olhou para mim e sorriu.
— Amor, você sempre acaba no meio de cada confusão. Tem algum amigo nosso que a gente ainda não viu pelado sem querer?
— A Rebecca e o Maurício contam?
— Esses dois, nem mesmo um já viu o outro pelado. Mas olha… já que vocês já limparam tudo e o seu Raimundo provavelmente deve estar tá dormindo que nem uma pedra. Vamos deixar para lá e rir um pouco.
— Sério? Você não vai matar ninguém?
Ela me deu um selinho.
— Estou de bom-humor. Eu te amo. Já foi tudo resolvido. E, além do mais, será que, se a Lorena soubesse tudo que fizemos neste sofá, ela estaria sentada assim nele?
A Lorena olhou pro sofá por um momento, mas a Jéssica riu e deu um tapinha no ombro dela.
— Vem, vamos beber alguma coisa. Eu preciso ouvir essa história inteira com detalhes. Eu quero saber tudo. Como ele é pelado? Levantou sozinho? Ao menos, é grande?
A Lorena suspirou, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, a Jéssica já levantava, puxando-a pelo braço.
— E nada de hotel, viu? Você dorme aqui mesmo e amanhã seguimos como sempre. Não tem por que mudar nada.
A Lorena nem parecia acreditar no quão relaxada estava a minha esposa.
— E como é que foi o jantar com o vampirão? — perguntou ela.
— Cão que late não morde — respondeu Jéssica. — Eu diria que, numa escala de 0 a 10 para “se comportar como um ser humano normal”, ele tirou um 6,0 ou 6,5.
Essa nota devia ser o Enéias em seus dias menos tarados e escrotos almoçando sozinho com a Jéssica. Acho que isso, a pena e a vontade de derrotar ele, explicam a paciência dela com o Lucério.
— O que ele fez para perder ponto? Tentou apalpar a tua bunda “acidentalmente”? — perguntou Lorena, mencionando uma clássica manobra do Enéias na academia com as duas, Eliana e outras.
— Ele não encostou um dedo em mim. Na verdade, foi o que ele disse. Digamos que ele acertou algumas coisas sobre mim que eu preferia que não tivesse acertado.
— O quê? — perguntei.
Então, a Jéssica olhou para mim e sorriu.
— Deixa para lá. Amanhã, você vai me levar ao cinema. Esse vai ser o seu castigo.
— Sim, senhora — suspirei, pensando que esse castigo parecia um prêmio.
PRAZO PARA O FINAL DA APOSTA ENTRE JÉSSICA E LUCÉRIO: 3 meses e 3 semanas.
Pois bem, leitor. No próximo capítulo, vamos ter a noite do pseudo-harém. Antes de concluir, gostaria que me respondessem nos comentários se vocês acham que o síndico Alberto merece um jantar com a Jéssica ou mesmo um double date envolvendo nós, ele e Lisandra.
AVISO AOS LEITORES: Este conto/capítulo faz parte do crossover da sexta-feira muito louca. Todos os contos abaixo se passam ou terminam na mesma sexta-feira e, embora possam ser lidos de forma independente, há encontros e desencontros entre os personagens e interações inesperadas.
Fazem parte deste crossover os seguintes contos:
* Quem vai Comer a Advogada Evangélica? – Capítulo 03
* Passando a Vara nas Vizinhas. Ou não. – Capítulo 06
* Eu e Minha Esposa Pulamos a Cerca… E o Caos Explodiu – Parte 04
* Minhas coleções de calcinhas, amantes e putinhas
* Eu, minha esposa e nossos vizinhos – Parte 09
* Apostei que Faria Aquela Médica Certinha Virar Minha Putinha – Parte 02 (ainda não publicado)
Coloquem nos comentários para o que vocês torcem que aconteçam nos próximos capítulos. Daqui a duas ou três semanas, teremos a continuação.